Ontem, quando estava apoiado à bengala e pronto a dar o primeiro impulso ao meu corpo, arrastando comigo a perna marota, eis que a minha muito amiga e querida 2ª prima, a Márcia, por via telemóvel, me diz ao ouvido que a sua avó, Anunciação Vieira Marinho, tinha acabado de morrer. Fiquei triste e estou solidário com toda aquela família, para quem a Páscoa deste ano já não é vivida de modo normal. Sabia-mos todo que, face à doença, à sua gravidade e avanços na degradação, a morte, não sendo desejada, era esperada e, desculpem-me expressão, único meio para que a família tenha alívio na dor e recupere alguma tranquilidade.
Quanto ao funeral, em tempo litúrgico normal seria hoje, mas porque é sexta-feira Santa, a Igreja está dedicada à celebração do Trio-Pascal e tem condicionantes, não sabemos ainda quando é, o que faz com que o sofrimento daqueles se prolongue.
Vou então fazer hoje o que deveria ter feito ontem. Se nos colocarmos no términos da etapa 290, em que me referia ao arbusto que: há-de ser desfeito pelo caruncho, e o resto, será pó, hoje venho acrescentar o seguinte:
O vento vai zangar-se, sim, o vento vai zangar-se e vai correr furioso, fustigando o rosto e atirando a chuva, Dezembro, (inverno), é meu inimigo, quando chega traz consigo ventos revoltosos e uivando, encontra minha alma numa constante efervescência e eu, por aquilo que Dezembro me tem trazido, ou, pior ainda, me tem levado, torna-me tão furioso como o vento. Se eu tivesse poder mágico ou se conhecesse uma fada a quem pedir ajuda, desejoso como ando de uma desforra, organizava uma rebelião contra o vento, contra esse furioso assoprador que me atinge e me castiga sem piedade, levou-me os meus mais queridos e tentou fazê-lo a mim próprio, o que se confirma com a data e mês, como acabei de descrever na etapa 290.
Mas, não podendo mobilizar uma legião de Anjos a meu favor, como posso eu ou alguém lutar contra a força do vento? esse vento de Dezembro que tudo fustiga, que até queima, embora de maneira diferente, queima e mata. Áh Dezembro! será que é num Dezembro que eu também me vou? pois olhem, se for... Louvado seja Deus. Não se evita o fim, mas a subsiste a saudade
AI QUE SAUDADE
A saudade quando volta,
O coração se revolta;
Quando ela mais aperta.
Ela chega de repente,
Com força sempre crescente;
Se o novo dia a desperta.
Saudade de mim,
Saudade de ti;
Saudade da mãe e do pai.
Saudade que vem,
Saudade que fica;
Saudade que nunca mais vai.
A saudade que se lê,
Não é a que se não vê;
Esta vagueia no deserto.
Se por vezes anda distante,
Pode chegar num instante;
Do coração anda perto.
O santo de hoje é: Santo Ardalião, Mártir
( + séc. IV) "O Martirológio Romano registra que viveu no Oriente e era ator. Certo dia em que, numa comédia, estava zombando dos cristãos, foi subitamente tocado pela graça e proclamou-se cristão diante do público pagão, sofrendo o martírio em consequência disso".
Oração:- Não tem apropriada e se tem, não a encontrei.
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