segunda-feira, 24 de abril de 2017

Etapa 302 - Recordação f) - Fidalgaria da Granja - Nespereira

      Recordo a nossa Nespereira nos anos XL do século XX, não digo anos XXX, porque em 1937, foi o no em que nasci,. Em especial,  recordo o lugar da Granja, porque foi na Granja que eu tomei conhecimento da minha existência. Recordo a quinta dos Amarais, porque foi lá na casa do caseiro dessa quinta que eu recebi afagos, que recebi umas lambadas, alguns esticões de orelhas, onde tive alegrias e tristezas e onde me ensinaram que, para se ganhar o comer é preciso trabalhar. Linda terra é a nossa Nespereira. Em Nespereira tudo é belo, tudo é nobre, tudo é digno, e por tudo ali ter beleza, e porque todos os nespereirenses são dotados de muita dignidade, quando há alguém que se destaca, constantemente está a ser combatidos.

      Por inspiração ou por outra circunstância que não sei identificar, encontrei e li um texto do reverendo padre Justino Lopes, intitulado "a voz do povo", onde o reverendo dá testemunho de acontecimentos passados, acontecimentos de grande significado histórico, os quais se situam no âmbito desta recordação f), na pista que me situo, no percurso hoje iniciado, cuja meta e objectivo, eu atingirei em próximas etapas.

     Assim, nesta etapa recordo o reverendo Justino Lopes, de Vila Nova de Paiva, no tempo em que ele, com muita esperança, com muita fé e muita dedicação, pastoreava Nespereira. O Padre Justino que foi meu amigo, mas que, pela ausência de contactos, é normal que me tenha esquecido, ele, quando pároco de Nespereira, na sua missão de catequizar, de difundir a fé e de estabelecer laços de amizade com aqueles que, sendo de Nespereira, viviam noutras terras, fazia contactos, organizava excursões, convívios e visitas, com permuta de retribuição. Numa dessas suas iniciativas, eu fui por ele contactado para receber cá, em Aveiro, uma excursão de Nespereirenses, (2 autocarros). Aceitei o desafio e tudo correu bem. A correspondência que trocamos sobre todo o processo estava guardada em arquivo no escritório da empresa onde eu trabalhava, mas porque lá constavam outros documentos vários, alguém a mudou de sítio e desapareceu-me, mas, para mim, o mais importante é a doce recordação que ainda não se apagou. Isto aconteceu nos finais dos anos 70. Cá, tivemos almoço partilhado na Quinta da Senhora das Dores, em Verdemilho e, porque a nossa Igreja andava em obras de ampliação, tivemos missa à tarde na Igreja de São Bernardo, animada pelo grupo coral litúrgico de Nespereira, guiado e orientado pelo digníssimo maestro e professor, Joaquim Araújo Pereira Pinto, recentemente retornado de Moçambique, pessoa que, algum tempo depois, quando veio morar para Ílhavo, me procurou. Era-mos conhecidos e passamos a ser muito amigos.

      Nesse convívio esteve também presente o meu conterrâneo, amigo e companheiro, Antero Alves do Amaral Semblano, pessoa natural de Nespereira, do lugar de Lourosa, que no tempo, residia em Mataduços - Esgueira - Aveiro. Foi ele quem me auxiliou no desempenho das tarefas organizativas e. tanto ele com sua esposa, Dª. Beatriz, estiveram sempre comigo em todos os actos. Certo dia, num dia em que eu desembarquei do comboio na estação de Aveiro, este Antero, lá na estação, manobrava uma carreta a transportar malas de passageiros, ter-me-à conhecido e, brincando, oferecesse para me transportar uma pequenina pasta de mão, claro que a brincadeira ficou-lhe cara, foi logo pagar-me um lanche, e que bem me soube. Agora, ou seja, quando tive a sorte de encontrar e ler o texto do Padre Justino, "a Voz do Povo", associei os apelidos do Antero aos Fidalgos da Granja, foi nestas personagens que eu me inspirei e é na pista deles que a etapa de hoje se realiza, bem como mais uma ou mais duas que se vão seguir. É a recordar tempos passados que se reavivam as saudades e foi para reviver que eu, no dia 25 de Janeiro do ano de 2015 procurei o Antero. Tanto tempo se passou sem nos vermos, ele emigrou para os Estados Unidos, levou com ele a esposa e os filhos, regressou com a esposa, mas, o pior, muito pior, é que, regressou sem filhos. Descobri a sua casa, a sua nova casa, agora em São Bernardo, mas só lá encontrei a esposa, a Dª. Beatriz, o Antero; estava internado num Lar, vitima de alzheimer.

      Como disse, é na pista da fidalgaria da Granja que amanhã, eu irei comparecer para nova etapa, nova corrida.

      O santo de hoje é: São Fidélis de Sigmaringa, Mártir
      ( + Suíça, 1622) "Nasceu na Alemanha e foi advogado brilhante antes de ingressar na Ordem dos Capuchinhos, onde se destacou pelo zelo apostólico e pela caridade. Sendo designado para pregar na Suíça, devastada pela heresia protestante, serviu-se da pregação e do confessionário para combatê-la eficazmente. Quando converteu dois calvinistas célebres, atraiu de modo especial os ódios de fanáticos sectários que o ameaçaram de morte, sem entretanto conseguirem demovê-lo de prosseguir seu trabalho. Algum tempo depois deram-lhe um tiro de mosquete enquanto pregava, mas não foi atingido e continuou pregando, recusando-se a interromper a missão. Nesse mesmo dia, porém, caiu nas mãos de um grupo de calvanistas e o mataram a punhaladas. Tinha então 45 anos".

      Oração: - Bendito seja Deus que concdeu  São Fidélis ser bem firme na fé, esperança e caridade! Dai-me, ó Deus, por sua intercessão ser também eu apóstolo de sua Igreja. Amém.

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