sábado, 15 de abril de 2017

Etapa 293 - Recordação c) 1ª parte - Obrigado Pai...

      Tendo para hoje uma etapa nova, ela tem, sem dúvida, uma certa ligação à etapa de ontem, pelo menos no que diz respeito à saudade, porque são as recordações, mesmo não sendo sempre boas que me leva a dizer, com merecido reconhecimento, OBRIGADO PAI.
       
      Tenho na minha gaveta da mesa de cabeceira um catecismo que foi das minhas filhas e quando me lembra, em especial, quando tenho necessidade de me reconciliar com o sono, recorro a ele, que para além de relatar assuntos bastante agradáveis, também tem frases que inspiram temas a desenvolver. Foi assim que, nesse catecismo, na lição 122, (a propriedade alheia), no parágrafo "quem está na posse injusta de bens alheios, deve restituí-los ao seu dono ou aos seus herdeiros", que eu me inspirei para contar um acontecimento, que não é conto, não é história, não é ficção, é um facto verdadeiro que aconteceu, que me faz sentir orgulhoso e a dizer: OBRIGADO PAI.

     Decorria a década dos anos 50 do século XX, meus pais, (Joaquim da Fonseca e Maria da Graça Pereira), vítimas dos tempos, sofriam de tal pobreza que, já quando eu nasci, (segundo me contavam), até aos meus nove meses de vida, minha mãe, para me alimentar, penas tinha o seu próprio leite. No meu lento crescimento e lenta tomada de consciência, eu fui ouvindo e fui memorizando que, quando eu tinha nove meses, minha mãe já andava grávida de aproximadamente seis meses e que era necessário que ela secasse o seu leite, a fim de se preparar para o próximo parto. Ela, sem o seu leite, não tinha condições para me sustentar, pediu ajuda aos seus pais, para me desquitar. Meus avós levaram-me para casa deles, tinham eles, nesse tempo, um agregado familiar com a seguinte composição:
                                   Meus avós; Luís Soares Mendes e Belandina Pereira.
                                   Meus tios; António Soares Mendes e Joaquim Soares Mendes.
                                   Minhas tias; Ana Pereira e Maria da Conceição Pereira.

      A minha tia, Maria da Conceição Pereira é mais velha do que eu apenas 6 anos, foi ela a minha ama, graças a Deus que ela ainda vive, quando nos encontramos, ela ainda diz que eu sou o seu menino. A nossa afeição foi tão forte que, só muito mais tarde, depois que eu comecei, por mim próprio a  tomar consciência, é que soube que aqueles a quem eu chamava pai Luís e mãe Belandina, não eram meus pais, mas sim meus avós. Também não me ensinaram a tratar os tios por tios, mas sim pelos seus nomes, eu para eles era o irmão mais novo. A minha vivência com meus pais durou apenas três meses e poucos dias, sai dos meus avós e fui para eles  na semana após a Páscoa e sai da casa deles e vim para Aveiro no dia 5 de Agosto, tudo isto no no de 1952.

      Afinal ainda não lhes disse a razão porque digo OBRIGADO PAI, não disse mas vou dizer e repetir na próxima etapa, que se não houver alterações, será só na segunda feira-, vou ter Páscoa em Nespereira. Até segunda.

      O santo de hoje é:  São Crescêncio, Mártir
      ( + Mira, Ásia Menor, séc. IV) "Católico fervoroso, teve a coragem de reprovar publicamente um culto pagão, sendo por isso levado à prisão e martirizado pelo fogo".

      Oração: - Não há oração a si inteiramente dedicada, pelo que nada tenho para recomendar.

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