segunda-feira, 21 de novembro de 2016

etapa 148 - A Lenda do Barco Moliceiro da Ria de Aveiro, uma primeira parte

      Pela curiosidade que estes temas me despertam e porque nem todos os meus amigos se lembram de pesquisar, por ser um texto bastante longo,vou fazer o percurso em duas etapas e procurar encontrar quais os locais da Ria onde Ramiro se encontrou com a sua amada sereia.
      Diz então a lenda que, "há muitos, muitos anos, que nem a velhinha que a contava sabia quantos, um pescador da Ria de Aveiro ouviu uma mulher a cantar e logo se apaixonou por ela só pela beleza da sua voz. Chamava-se Ramiro e era órfão de pai e mãe, tendo sido criado pela madrinha, uma solteirona bastante feia, baixa e gorda, de forte buço, que nunca encontrara quem gostasse dela para casar, embora tivesse um coração de pomba, tenro e doce.
      Ramiro vogava pelas águas espelhadas da Ria e foi guiando o barco para o sítio de onde vinha aquele doce cantar, deparando com uma jovem que se banhava, como se estivesse de pé, pois só se lhe via o corpo da cintura para cima, sem qualquer peça de roupa. Ela não fugiu nem parou de cantar, enquanto o pescador se aproximava. Ao vê-lo junto a si, sorriu-lhe e estendeu-lhe a mão, que Ramiro agarrou entre as suas, ao mesmo tempo que o coração acelerava os batimentos.
     Era bela como uma princesa, com longa cabeleira de algas caindo-lhe pelas costas e torneando-lhe os peitos fartos e erectos. A sedosa pele era da alvura da areia da praia e os olhos tinham a cor verde do mar sem fundo. Os braços, compridos e esguios, terminavam em mãos de dedos finos, que iam movendo a água em seu redor, em gestos serenos e calmos, como se a afagasse.
     Conversaram longamente e então ele disse-lhe:
      - Amo-te e quero casar-me contigo!
     A jovem sorriu e respondeu:
      - Seria para mim uma grande felicidade casar-me contigo, pois nunca vi um homem mais belo e mais forte do que tu, mas, infelizmente, não pode ser. Eu não sou uma mulher, mas uma sereia.
      Soltou a mão que o pescador tinha agarrada e deitando-se de costas na água, mostrou-lhe como a parte inferior do seu corpo tinha a forma de peixe, com cauda e escamas douradas, rebrilhando ao sol.
      - Sou a filha mais nova do Rei dos Mares e estou destinada a um Tritão, que me fará infeliz, porque não lhe tenho amor - continuou, começando a chorar e as lágrimas eram pérolas pequeninas, que ficavam a boiar à sua volta.
      - Não me importo que não sejas mulher - retorquiu ele. - Casa comigo e construirei para nós uma casa, metade em terra, para mim, e metade na Ria, para ti.
      - Isso não pode ser! - insistiu ela. - O Tritão matava-me, porque é muito mau e feroz. Se eu pudesse transformar-me em mulher, então, sim, poderia casar contigo, mas nós sabemos que tal nunca será possível.
      Estava muito triste agora a bela sereia. Atirou-lhe um beijo na ponta dos dedos, mergulhou e desapareceu.
      Ramiro, antes de lançar a rede para pescar, ia todos os dias ao local onde tinha visto a sua amada, mas ela não tornou a aparecer. Assim, na sua faina diária, ora suspirava, ora cantava umas trovas tristes, que ele compunha na altura. Era o peixe que lhe dava o sustento para si e para a madrinha. Por vezes, ao cair do Sol, quando puxava a rede, julgava ver reflectida na água o rosto querido da bela sereia.
      A madrinha, conhecedora daquele sofrimento e querendo-lhe como se seu filho fora, disse-lhe um dia:
      Devias ir à ti Bárb`ra, que é mulher de ciência. Talvez ela saiba uma maneira de transformar a tua sereia em mulher. Eu gostava muito de te ver feliz...
      - Vou, sim, madrinha - respondeu o rapaz. - Por ele eu farei tudo!
      - Então tens de ir sozinho e de noite, que ela só tem poderes depois de se pôr o Sol.
      Assim, ao morrer a tarde de um certo dia, ele meteu pés ao caminho, andando muito tempo sobre as dunas, até chegar a uma choupana sobranceira ao mar. O vento forte empurrava-o para trás e ele fazia um esforço redobrado para continuar a caminhar; terríveis relâmpagos cortavam o céu no escura da noite, obrigando-o a fechar os olhos para não ficar cego; tenebrosos trovões faziam tremer a terra e a chuva era tanta, que lhe parecia que os próprios ossos estavam encharcados. Cheio de coragem, indiferente à adversidade da Natureza, bateu à porta da choupana, gritando": 
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      O santo de hoje é: São Gelásio, Papa e Confessor
      ( + Roma, 496) "Segundo o testemunho de Dionísio, o Menor, reportado pelo Martirológio Romano-Monástico, procurou mais servir do que exercer a sua autoridade, associou a castidade aos méritos da doutrina, e morreu pobre, após ter enriquecido os indigentes".
      Oração : - Deus eterno e todo poderoso, quiseste que São Gelásio Primeiro governasse todo o vosso povo, servindo-o pela palavra e pelo exemplo. Gurdai, por suas preces, os pastores de vossa Igreja e as ovelhas a eles confiadas, guiando-os no caminho da salvação. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.

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