Na etapa de hoje vou mais uma vez até ao Carocho, vou esquecer a má fama que alguém mal intencionado levantou à nossa fonte, e estando ali, vou deliciar-me, convicto de que, o povo tem razão quando diz: "o que não mata engorda", vou beber água directamente da bica. Pode haver alterações provocadas pela incúria, mas, aquilo que era remédio benéfico, não pode, em tão pouco tempo, ter-se transformado em algo venenoso. Recordo-me de mim próprio, do tempo da minha transformação de jovem rapazinho para rapaz e a vontade que sentia de ser considerado homem. Foi por ali que eu vi, que eu apreciei e aprendi a namorar, tenho doces recordações e, exemplifico:
Encontro da namorados;
Já vai longe o tempo em que, nos dias grandes e de muito calor, enquanto os pais de uns e os patrões de outros descansavam a sesta, as moças e moços, iam com a jarra, ou com a cantarinha buscar água à fonte. Embora que o principal objectivo fosse a água, coisa indispensável, era também a oportunidade para o tão desejado encontro de namorados, o que, servia também para estimulo e recuperação de forças, a fim de, com ânimo vencer a tão grande tarde de trabalho que os esperava. Que momentos de alegria e de satisfação se alcançavam quando aconteciam estes encontros! Muitos segredos aquelas águas levaram levada abaixo, para se mergulharem e se perderem nas águas da Ria, quando e onde se misturavam no Eirô.
Foi num momento de reflexão sobre estes verídicos acontecimentos, que eu, certo dia, revivendo momentos passados, já sendo eu a fracção em que me tornei, meditando, vencido pela saudade e pelo infortuno, nos finais da década de 70, em data que perdi, escrevi uns versos, os quais guardei como se fizessem parte do meu tesouro, e anos mais tarde, um tarde recente, já comigo integrado no Rancho, (Grupo Etnográfico e Folclórico da Adac), como vocalista, (cantador), idealizei para eles uma melodia, cantarolei algumas vezes na presença do maestro José Ferreira Balseiro, e ele, paciente para comigo, com seu instrumento foi-me acompanhando, compôs o que era de compor, fez a música e desde aí, este número passou a ser mais um do reportório do nosso Rancho. Dedico esta modinha ao meu Pai, e confesso, se eu não tivesse vergonha, no Cemitério, junto à sua campa, cantava para ele. E para vocês, se me querem ouvir, venham ter comigo, é assim:
«Fonte do Carocho»
1 -
Corre o rio p`ró Eirô,
Leva o meu amor com jeito;
Corre o rio p`ró Eirô
Leva o meu amor com jeito;
Bate a água nas pedrinhas,
E o coração no meu peito;
Bate a água nas pedrinhas,
E o coração no meu peito
Refrão
Brota da na nascente,-onde canta o mocho;
Lá vem meu amor, - que vai p`ró Carocho;
Caminha p`rá fonte, - com a cantarinha,
Eu irei com ele, - à água fresquinha. (bis)
2
Vão à fonte os passarinhos,
Beber água da corrente;
Vão à fonte os passarinhos,
Beber água da corrente;
Eu com sede de beijinhos,
E meu amor está ausente;
Eu com sede de beijinhos,
E meu amor está ausente.
3
A água pura da fonte,
Ai de mim se me faltar!
A água pura da fonte,
Ai de mim se me faltar!
Amor perfeito não dura,
Mas o meu há-de durar;
Amor perfeito não dura,
Mas o meu há-de durar.
Amanhã... eu volto . até amanhã.
O santo de hoje é: - imaginem; Beata Joana de Portugal
( + Aveiro, 1490) "Filha primogénita do rei D. Afonso V, possuía grande beleza e personalidade marcante. Exerceu a regência do Reino quando seu pai foi à frente de uma esquadra conquistar Arzila e Tânger, na África. Desejosa de se consagrar a Deus na Ordem Dominicana, precisou vencer a resistência do pai e de seu irmão D. João (futuro D. João II) que desejavam um casamento vantajoso para ela. Conseguiu ingressar no convento dominicano de Aveiro, mas devido a sua má saúde foi impedida de professar. Continuou passando no convento a maior parte do seu tempo, conservou o hábito religioso, mesmo quando estava fora do convento praticava eximiamente a regra da Ordem. Morreu em 1490 e foi beatificada em 1693".
Oração: - Santa Joana Princesa, desvelada Padroeira da Aveiro! Nós todos, pequenos e grandes, pobres e ricos, nos encomendamos fervorosamente à vossa celestial protecção. Pedi ao Senhor para todos o pão nosso de cada dia, e não só o pão da terra, mas sobretudo o pão da virtude, o pão descido do Céu que - como disse Jesus - dá a vida ao mundo. Fazei-nos puros, humildes, caritativos, piedosos, compadecidos, resolutos, seguindo o vosso exemplo. Acompanhai-nos nos perigos da terra e, chegado o momento da morte, ajudai-nos a entrar na Pátria definitiva, que jamais acabará.
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