Etapa nº. 20, a caminho dos 80

          Hoje, com Nossa Senhora da Carmo, eu, mais ela, desfolhando cartilhas do passado, um passado sempre recente e presente no coração que me bate no peito, programei esta etapa de regresso a casa, à casa na Quinta do Picado - Aveiro, mas porque carrego e trago comigo recordações, e ainda, porque  tenho presente a reflexão que fiz no passado dia 12, que teve como santo desse dia, São João Gualberto, que ele, ao encontrar em seu caminho o assassino de seu irmão, o qual procurava há tempo, desejoso de vingança, não pensou duas vezes e puxou a espada para matá-lo. Mas,  ao levantar a espada, o adversário, desarmado, suplicou-lhe perdão de braços abertos. Era sexta-feira santa. João comovido, lembrou-se de Cristo de braços abertos, e, concedeu-lhe o perdão, abraçando-o.

          Meu avô paterno, (Avelino da Fonseca), também foi assassinado, tinha meu pai 17 anos. O assassino foi um Carlota, do Fundo de Vila, que, diziam, ter sido condenado ao degredo. Um dia, em casa de meu pai, em Chão-de-Bouças, o meu pai e o seu irmão Manuel, (Manel de Pereira), andava a caiar a sala da casa de meu Pai, eles conversavam e eu apercebi-me que o tema da conversa, era o assassinato do pai deles, (meu avô) e lamentavam não terem tido a possibilidade de vingar o morte do pai, e isso era para eles uma questão de honra, e choravam.

          Recordo também o meu avô materno, O Ti Luís (Luís Soares Mendes), era filho arredio de um Mendes de Fundo de Vila, mas que, ainda rapazinho, quando encontrava o pai pedia-lhe a bênção e, porque o pai lhe disse: "Olha meu menino, se não me pedires mais a bênção, eu dou-te um fato" meu avô não gostou, nunca mais cumprimentou o pai e, embora se desse com os irmãos e se tratassem como tal, para todos os efeitos, deixou de se apresentar como filho desse senhor. 

        Meu avô Luís era  ainda parente desse Carlota, e um dia, na estrada, junto à fonte, perto de Feira, encontrou-se com ele, ele levava um jornal à frente dos olhos, fingindo que não via o meu avô, escondia o rosto, mas meu avo interpelou-o, conversou com ele e aconselhou-o a que desaparecesse de Nespereira o mais depressa possível, e, contou-me meu avô, que esse tal Carlota, levou o aviso a sério, porque nunca mais foi visto em Nespereira. Peço a Deus que, tendo ele sido condenado pelos homens e cumprido o castigo, se ele se arrependeu do crime, e pediu perdão a Deus, pois que Deus lhe perdoe.

 

          Santo do dia, é: Nossa Senhora do Carmo. "Neste dia se comemora a Festa de Nossa Senhora do Carmo, ou do Monte Carmelo. A Ordem carmelitana considera seus fundadores o Profeta Santo Elias - que viveu no monte Carmelo, na Terra Santa, e que séculos antes da vinda ao mundo de Nosso Senhor já vira sua Santa Mãe simbolizada numa nuvenzinha - e seu discípulo Santo Elíseu. O Escapulário de Nossa Senhora do Carmo, dado pela Santíssima Virgem a São Simão Stock no século XIII da era Cristã, é ao mesmo tempo o privilégio maior e o sinal distintivo de espiritualidade carmelitana."

 

          Oração a Nossa Senhora do Carmo: Ó bendita e imaculada Virgem Maria, Honra e Esplendor do Carmelo! Concedei a vossa bênção para todos os que levam, com carinho, o vosso escapulário. Olhai para mim benignamente e cobri-me com o manto de vossa maternal proteção. Dai-me forças para vencer com fé as contrariedades de cada dia. Iluminai o meu pensamento, o meu coração, a minha vida toda. Enchei-me com a sabedoria do vosso Filho Jesus.

Acendei a minha fé. Fortalecei a minha esperança. Animai a minha caridade, o meu amor a Deus e ao próximo. Aumentai a minha  fortaleza espiritual. Fazei-me verdadeiro apóstolo do Vosso Filho Jesus, nosso irmão. Que eu nunca falte a quem precisar de mim. Apresentai-me todos os dias à Trindade Santíssima. E que no Céu possa estar convosco, louvando e agradecendo ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. Nossa Senhora do Carmo, rogai pelas benditas almas do Purgatório. Amem.