domingo, 25 de setembro de 2016

Etapa nº. 91, o Zé com a família

      ligação da etapa 90:
      A noite do dia 16 para o dia 17 de Abril, do ano de 1952, (de quarta para quinta-feira), o Zé, já a passou em casa da ti Maria, sua mãe.  O Zé estava feliz e conta que, nessa noite, ainda não dormia, mas fazia de conta, a ti Maria, antes de se deitar, passou pelas camas dos filhos, aconchegou-lhes a roupa, e ao passar pela cama que o Zé ocupava, a ti Maria teve igual procedimento, e pensando ela que o Zé já dormia, deu-lhe um beijo silencioso na testa. Que doce beijo, (disse o Zé), tão doce que, sendo o primeiro de que o Zé se recorda, o Zé, diz também que não foi o último, e que, a partir desse dia, e enquanto o Zé esteve com a família, a cena repetia-se diariamente, a mãe não se deitava sem antes confirmar o bem-estar dos filhos.

      O trabalho em que o Zé se vinha ocupando naqueles primeiros dias, durou, como estava previsto, para 2 semanas. Terminado aquele, logo o Zé arranjou outro, e esse novo trabalho, durou-lhe para quase 3 meses, era numa surriba, nuns terrenos situados na parte nascente, além do barroco que recebe as águas da Pedregosa, naquele trabalho, quando o Zé foi,  já lá andavam 4 homens, aos quais o Zé se juntou. O Zé nunca soube quem era o verdadeiro dono desse terreno, sabe que o efetivo dono, era ali representado pelo seu procurador, senhor Adriano da Granja. O senhor Adriano pagava todas as semanas e, quando aparecia para pagar, antes de o fazer, mandava despegar, reunia com o pessoal e todos lanchavam. Conta o Zé, que na primeira semana, o lanche foi sandes de queijo e pinga. No fim do lanche, com o pessoal reunido, o senhor Adriano teve uma palestra de apreço para com todos, e disse aos homens: "Agora vou vos pagar a semana conforme o que está combinado, e ao Zé, que ninguém sabia o valor do seu trabalho, mas que eu, tal como vós bem apreciamos, o Zé aplica-se, e eu, não lhe pago igual a vós, porque ele é um rapazinho e vós sois homens, fica a ganhar menos do que vós 1$00 (um escudo") e virando-se para o Zé, diz-lhe: "agora porta-te bem, olha que se baixares de rendimento, posso baixar-te o ordenado ou até mandar-te embora, vê lá!"
      Este trabalho durou até perto do final do mês de Julho, e o Zé, logo naquele último sábado de trabalho, depois de despegar e de receber, foi arranjar trabalho para outra gente, também numa remoção de terras, junto à ponte da estrada, entre a Feira-Franca e a Cruz. Ali, o Zé conheceu outra gente, gente pouco honesta e exploradora, não usaram chicote, mas pagaram mal e instigavam muito. Foi então aqui, que o Zé, mesmo sendo ainda garoto, avaliou a sua situação e resolveu sair da sua terra. Nespereira era grande de mais para quem é tão pequeno, e o Zé pensou, tenho o primo Manel em Aveiro, agora vai para lá a prima Alice, vou já falar com ela, e ela quando lá chegar, fala com o irmão, e eu vou ter com eles. E foi assim, o Zé trabalhou ali apenas aquela semana, recebeu e avisou que não voltava mais. E o Zé, como ele já disse, no dia 5 de Agosto, partiu, levado pelo destino.

      O Zé, lembra-se e confirma que, o pouco tempo que passou com a família,que foi desde o dia 16 de Abril ao dia 5 de Agosto de 1952, que todo o dinheiro que angariou com o seu trabalho, foi sempre entregue na totalidade à sua mãe. Sabe que nesse tempo, a sua mãe gozou de alguma felicidade, reconhece que a sua mãe o apaparicava com o melhor que tinha, que lhe devorou parte das melhores partes do pequeno porco, mas, diz o Zé, que não sente nenhum peso de consciência e, que apenas lamenta não ter tido a coragem, para algum tempo antes, antes de ter sido sacudido pela avó, não ter saído e ter ido para os pais, porque o lugar dos filhos, para bem ou para o mal, é com os pais.
      Assim, com o términos desta etapa, o Zé encerra este capítulo que arrancou de suas memórias, para que, naquilo que poça ser útil, e poça ser aproveitado com instrução, alguém o desfrute.

      O sano do dia de hoje é: São Firmino, Bispo e Mártir
      ( + Amiens, séc. IV) "São Firmino, primeiro bispo de Amiens, na França, foi martirizado nessa cidade, por amor a Jesus Cristo.
      Oração: -  Ó Deus, nosso Pai, ficai connosco, dirigi-nos cada passo, inspirai-nos sentimentos de coragem e fortaleza. Mostrai-nos vossa face amiga e encorajadora, para que possamos continuar firmes, superando pela fé todas as dificuldades e perigos. Amém.
                                                 São Firmino, rogai por nós.

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