terça-feira, 27 de setembro de 2016

Etapa nº. 93, uma velhinha às portas vermelhas

      Decorria o ano de 1945, e o Zé, integrado no grupo de alunos a frequentar a Escola Mista do Eirô, e também integrado em grupos a frequentar o ensino  da Doutrina, na Igreja, em Santa Marinha, a fim de se prepararem para a primeira comunhão, ou comunhão solene, em tempos que, a Igreja se empenhava muito em divulgar as aparições de Nossa Senhora, em Fátima, aos videntes, Francisco Marto, Jacinta Marto e Lúcia dos Santos. O senhor Abade, escolhendo esse tema, e fazendo dele, especiais lições de catequese, iz o Zé, incentivava as crianças a fazer sacrifícios, porque, ensinava ele, o senhor abade, que, "para agradar-mos à nossa Senhora, é preciso fazermos muitos sacrifícios". E, nesse sentido, todas as semanas, o primeiro tema, ao iniciar-se as lições de catequese, (lições da doutrina), o senhor abade interrogava a um por um, e mandava que descrevessem os sacrifícios que cada um tinha feito.
      Para obter resultados e poder descrever alguma coisa, coisa que o Zé pensava ser importante, e porque no seu caminho para a escola, passava junto a uma antiga casa, denominada de portas vermelhas, onde há uma bifurcação de três caminhos, e que, era comum o povo dizer, que aquela casa, em tempos antigos, terá sido o tribunal. Ali, quase todos os dias, o Zé encontrava uma senhora velhinha, doente, com um mal na boca, em especial na língua, que quando a mostrava, ninguém ficava insensível. A senhora aceitava as esmolas de quem por ali passava. Pela dificuldade que tinha em falar, não pedia, mas a quem, voluntariamente, lhe dava alguma coisa alguma coisa, ela mostrava ares de gratidão, as esmolas que lhe davam não seriam só para ela, porque, em especial eu, do pouco que conseguia para lhe dar, ela não teria possibilidade de o comer por causa da sua doença.

      Então o Zé, com o fim de poder apresentar um currículo de sacrifícios bem composto, em casa dos seus avós, e em especial do conteúdo das suas refeições, e do lanche que a avó, por vezes lhe mandava para a escola, escolhia do melhor, o mais macio para dar aquela velhinha, e, com o praticar daquele acto, que para ele próprio, era mesmo um sacrifício, ( abster-se de algo que lhe apetecia e lhe sabia bem para dar a outrem). E assim o Zé, quando na doutrina, contava ao senhor Abade, na presença dos colegas), sentia-se feliz e muito contente.

      Diz o Zé que, naquele ano, após ter terminado as aulas e a doutrina, entrou em férias e, no tempo de férias uma das suas obrigações era ir para o monte-d`além e tomar conta das vacas e das ovelhas e, muitas vezes, ele no monte, ouvia o sino da Igreja tocar a finados, e um dia, o sino tocava, tocava e o Zé lembrou-se daquela velhinha, prestou mais atenção e pelos toques, reconheceu que quem quer que tivesse morrido, era mulher, e isso, mais reforçou a sua convicção de que poderia ter sido ela, nunca soube a certeza, mas nunca mais a voltou a ver.
   
     Ao terminar por hoje este tema, digo por hoje, porque Senhor, eu não sou digno da vossa inspiração, mas se me ajudares, Senhor e se for essa a tua vontade, então sim, eu volto.
     O santo de hoje é: São Vicente de Paulo, Confessor
      ( + Paris, 1660) "Foi o fundador da Congregação da Missão e, juntamente com Santa Luísa  de Marillac, das Irmãs da Caridade. Sua vida é tão movimentada e cheia de aventuras que faz lembrar uma obra de ficção. Nasceu de uma família muito pobre em Landes, França; quando menino guardou porcos, e só pôde completar seus estudos porque foi auxiliado por um advogado caridoso, cujos filhos ajudou a educar ao mesmo tempo em que ele próprio estudava. Ordenado sacerdote aos 19 anos, passou a dar aulas particulares para se manter. Durante uma viagem marítima, caiu prisioneiro de piratas maometanos e foi conduzido à África, como escravo. Foi comprado por um médico árabe que lhe ensinou os segredos da medicina, e  em troca, São Vicente o converteu à Fé católica. Conseguindo retornar à França, empenhou-se na prática da caridade cristã, tanto espiritual quanto corporal, chegando a ter grande penetração na Corte. Foi capelão e conselheiro da rainha Margarida de Valois e prestou assistência ao rei Luís XIII moribundo. Fez parte do Conselho da Regência, durante a menoridade de Luís XIV, e exerceu grande influência sobre a rainha Ana d`Áustria. Fortunas espantosas, provenientes de coletas entre a alta nobreza, passavam por suas mãos e eram por ele distribuídas aos necessitados de toda a França, sem em nada alterar sua pobreza e simplicidade. Aos próprios parentes, pobres e necessitados, nunca quis favorecer, confiando-os à Divina Providência. Recebeu um benefício eclesiástico muito rendoso, que lhe assegurava uma vida sem preocupações económicas, mas renunciou a ele, por achar que não era conveniente para a sua santificação. Aproveitou a enorme influência política que desfrutava para conseguir a nomeação de Bispos virtuosos, dispostos a promover na França uma salutar reforma religiosa e a combater os erros do jansenismo. Incentivou a ideia de uma expedição armada contra a Inglaterra protestante que proibia, sob pena de morte, a actuação dos católicos em seu reino. Morreu em 1660, cercado da consideração geral, e foi canonizado em 1737".

      Oração:- São Vicente, que tanto vos compadecestes dos pobres, eu vos peço, olhai para mim! Sou pobre. Estou passando necessidades. O dinheiro é curto e nunca chega para comprar tudo o que necessito. Precisaria comprar mais comida, mais roupa, trocar meus sapatos velhos, falta roupa de cama, seria necessário comprar algumas telhas para tirar as goteiras da casa e algumas mata-juntas para fechar as frestas por onde passa o vento frio do inverno. Tomo chá, porque não comprar remédio. São Vicente! Sou pobre, mas tenho fé! Há gente mais pobre do que eu: são aqueles que não tem fé; porque esses têm a alma vazia. São Vicente, conservai minha riqueza, que é a fé; mas eu vos peço, aliviai também minha pobreza. Ajudai-me a adquirir ao menos o necessário para me alimentar bem, para me vestir honestamente e comprar os remédios que me conservam a saúde e as forças necessárias para fazer os meus trabalhos e cumprir as minhas obrigações e assim poder ser útil à minha família e a todos os que precisarem de minha ajuda. Amém

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